Neste dia 23 de abril o Jai Club na Vila Mariana, aqui em São Paulo teve uma atração muito especial: Neil Turbin, vocalista do primeiro disco do Anthrax, o clássico e amado pelos fãs, Fistful of Metal que este ano faz 41 anos na verdade, mas essa turnê começou antes disso, então eles estão ainda comemorando 40 anos.
E para acompanhar o show principal, se apresentaram cinco bandas de Thrash Metal e Metal Tradicional aqui da nossa terrinha, o Brasil. Foram cinco porradas nas orelhas! Um show “muito massa” como diríamos nos anos oitenta e uma verdadeira viagem no tempo.
O público presente, maioria acima dos quarenta anos, se acabou de tanto agitar. Eram autênticos fãs do Heavy Metal e alguns aprendizes que com certeza tem o Metal correndo nas veias. Aliás foi um grande encontro, pois as bandas tinham a mesma pegada e algumas já consagradas no cenário nacional há muitos anos, como os cariocas do Azul Limão, que mantém o fôlego vivo desde 1983!
O Som do Darma e a Caveira Velha Produções nos brindaram com essa aula de Heavy Metal atemporal que fez de um simples domingo uma verdadeira celebração de peso, velocidade e muita rebeldia e irreverência, além da realização do sonho de muitos de nós. Duvido muito que alguém um dia tenha pensado que veria o vocalista mais poderoso do Anthrax realizar um show aqui no Brasil. Ainda mais 41 anos depois...
A casa abriu cedo, as 16h e não demorou muito para os caras do Vingança Suprema derramarem sem dó seu Speed Metal na galera que estava chegando. Com Alason Rrroooaaarrr (vocal), Leandro Wild e Tom (guitarras), Rubão (Baixo) e Felipe War(bateria), a Vingança Suprema se fez presente, aquecendo o público como se já estivesse no palco há muito tempo. Peso, velocidade e vontade de trazer um Metal verdadeiro fizeram da breve apresentação dos caras a melhor porta de entrada para a explosão de Thrash Metal que viria a seguir.
O Warsickness chegou quebrando tudo. Enganou se quem pensou que esses caras só vinham cumprir horário. Formado por Diogo Moreschi(vocal), Carlos Ferreira e T.J. (guitarras), Pinguin(baixo) e Guilherme (bateria), o Warsickness esbanjou peso, velocidade e energia. Agitando a galera o tempo inteiro, os caras deixaram claro sua paixão por cerveja. Cheguei a me lembrar do Tankard, apesar do som não ter nada a ver, mas foi por causa da “Ode à Cerveja”. “Thrashera” oitentista da melhor qualidade que a turma aprovou e agitou muito!
Houve um momento em que o vocalista estava oferendo Sick Existence, o ótimo CD da banda em troca da bebida sagrada... Eu consegui conversar um minuto com ele depois do show, tiramos umas fotos e ele foi muito simpático e realmente adorou tocar por aqui. Ganhei um CD, mas não foi em troca de cerveja...
Depois veio o Selvageria, com as letras em português, o que com certeza contribui em muito para o amor que os fãs tem por eles. Rapidamente a frente do placo foi tomada por Headbangers que surgiram dos mais profundos confins do Jai Club...
Realmente, não sei de onde saiu tanta gente e como coube todo mundo ali, principalmente quando começaram as rodas, afinal o show do Selvageria era capaz de acordar os mortos.
Essa banda de Thrash Metal oitentista já tem um histórico de abrir para grandes artistas, como os alemães do Destruction, por exemplo e existem há muito tempo, angariando uma gama de fãs fiéis e muito empolgados. Danilo Toloza (vocal e bateria), César Capi(guitarra) e Tomás Toloza(baixo) podem tranquilamente ser chamados de “Trio do Inferno”, pois os caras esbanjam poder, domínio de público e competência, pra não mencionar o peso. As letras são instigantes, fortes e lembram muito o trabalho de uma outra banda, o Anthares, que seguia a mesma linha no passado, inclusive o baixista estava com a camiseta do álbum No Limite da Força, um clássico do Metal Nacional.
Momentos como Selvageria, Águias Assassinas e Hino do Mal fizeram o público pirar e cantar junto numa empolgação que até aquele momento ainda não tinha alcançado seu ápice. Um show espetacular, direto, pesado e nostálgico. Acreditem, a essa hora não sabíamos mais se estávamos no século XXI...
A viagem no tempo então ficou ainda mais evidente quando o Azul Limão subiu ao palco. O Thrash foi gentilmente substituído pelo Heavy Metal tradicional e em português também, desses ícones dos primórdios do movimento. Contando com Marcos Dantas(guitarra), Trevas(vocal), Vinícius Mathias(baixo) e André Delacroix(bateria) eles dominaram o pessoal desde os primeiros acordes de Pressão, passando por clássicos de todos os tempos, como Coração de Metal, Satã Clama Metal e até mesmo uma música de 1983, Não vou mais Falar, que a galera aplaudiu e cantou junto. Um show cheio de energia, peso e simpatia que garantiu ainda mais brilho a um evento que estava bombando desde o início.
E chegou a vez da banda mais pesada da noite. O Hammathaz de Sorocaba vinha com a proposta de um som que misturava muita coisa, mas que tendia brutalmente a um Death Metal a lá Benediction, Napalm Death e Morbid Angel...
E foi mais do que isso que Fernando Xavier(vocal), Thales Statkevicius e Rodrigo Marietto(guitarras), Anderson Andrade(baixo) e Lucas Santos(bateria)nos trouxeram. Uma banda forte, pesada, cheia de influências inclusive de sons mais modernos, como Machine Head e Slipknot. O Hammathaz trás uma produção e entrosamento que justificam os 15 anos de estrada. Indicados ao prêmio Dynamite de melhor álbum de Heavy Metal com CD The One de 2020, esses caras funcionam muito bem ao vivo. Sabem inclusive se virar com as adversidades. Nas últimas músicas a guitarra do Thales teve um probleminha e ele parou de tocar para arrumar. Muito calmamente, seguro do que tinha que fazer, o cara foi lá atrás, mexeu virou e logo estava de volta como se nada tivesse acontecido. E a banda segurou o show sem interrupção e sem perda, nem de peso, nem de qualidade, num profissionalismo sensacional. Houve um cover de Roots, Bloody, Roots do Sepultura que quebrou alguns pescoços e tirou o pó geral da plateia, principalmente quando o Fernando desceu do palco e foi cantar com povo. Grande sacada que fez valer a pena ainda mais estar ali conferindo o show dos caras!
E foi prometendo trazer o Inferno ao Jai Club que a banda terminou sua apresentação majestosamente com Bringing Hell, paulada do CD The One.
O Hammathaz encerrou com muito peso e personalidade a participação do Brasil neste incrível evento.
Sobre o Neil Turbin você lê a matéria completa no link abaixo: https://verosmetal.webradiosite.com/pagina/3082509/neil-turbin-no-brasil/
Texto: Marcos Falcão
Fotos: Kátia Clarindo Falcão